“Sabadou”, como essa gentarada festeira diz, inclusive
Davina, que saiu rumo a um bailinho que era para ser leve.
Leve, como seu
peso no colo dos seus machos...
Digo seus, e de suas esposas na maioria das vezes. Mas
era ela quem tinha a árdua missão de realizar a cura espiritual em seus corpos,
através do que ela sabia fazer de melhor: Dominar...
Uma breve pausa para a rima: Davina, divina, chega e
domina....
Ela atuava como Dominatrix, atendia homens com
sede de alucinarem-se, queriam fugir de suas realidades miseráveis.
Miseráveis milionários! Miseráveis, empresários. Miseráveis
policiais sadomasoquistas! Miseráveis vereadores. Miseráveis miseráveis do
submundo!
E miserável da minha miserável preferida: Davina, divina,
me domina..
Tem uma sina essa menina...
Ela ensina...
Assassina.
Assassina seus amores, digo. Vez ou outra sente a necessidade de sacrificar um
outro, desamar, desalmar, eliminar de sua vida.
Davina não tem amores. Davina tem dores.
Davina cura a dor dos seus clientes(pacientes ela diz), e assim, sente que um pouco da sua dor também é curada
em cada sessão.
Em cada corpo vivo que ela urina. Em cada corpo vivo e nu
que ela bate. Em cada nojeira que ela faz nos quartos de motéis, hotéis, salas
comerciais, delegaciais, quartéis, cemitérios, prefeituras, mansões, florestas...
É... não é brincadeira. Os doidos estão por toda a
cidade.
E... neste sábado, ela estava numa baladinha, onde vem
sendo o “fluxo” das festas na cidade.
Pensou ela, antes de sair para o baile: “Eu só trabalho..
trabalho... atendo os doidos, deixo eles doidos... hoje eu é que quero ficar doida, ou me sentir
normal...e vou!”
Dessa vez saiu bem simples, seu look não combinava com a
festa. Ela usava uma rasteirinha azul, calça verde e florida, e uma camiseta
branca, florida também. Cabelo solto na cara, óculos vermelho da coleção Ana Hickman.
Chegando no fervo, um segurança receptivo disse:
- Veio cedo hoje!
-Sim, hoje ninguém me escapa...
-Essa aí já é de casa- comentou também uma mulher segurança da festa.
Revistou seus peitos, e deixou- a entrar com seus amigos, os irmãos
Bauers .
-Ainda bem que deixei minha “arminha” no carro. tenho maus pressentimentos hoje– falou Davina para a irmã Bauer, sua
amiga.
Chegando na festa, estava um calor infernal agradável rsrsrsrs
O irmão Bauer foi até o bar da festa para comprar
bebidas, e as duas ficaram no segundo andar “dançandinho”.
Muitas pessoas conhecidas indo até elas para cumprimentar
e pessoas desconhecidas também...
Davina levava uma vida secreta, por muito tempo, mas
começava a perceber que era reconhecida e sua fama estava se espalhando por entre as pessoas, rápido demais.
-Você que é a Dominatrix da região?
-Não, ela é só uma personagem que eu criei há um tempo,
mas eu Davina, sou uma pessoa diferente – rebatia ela, como se tivesse julgando
a si mesma e deixando assim de lado os seus princípios.
Frustrada ela estava, porque o eixo daquela situação
(de ser a Dominatrix da cidade) em que
foi se meter parecia estar cada dia tomando maior proporção. Ela não estava sabendo lidar com a ideia de “todo mundo” ali
saber quem ela era, o que ela era ou que ‘ela era ela”.
Então, para se sentir normal,
foi à procura de algo que a fizesse curtir a balada e dançar.
Procurou, encontrou.
Encontrou um menino, se beijaram, e por lá dançaram e tomaram umas aguas
coloridas juntos.
Em seguida, Davina disse que queria mais um gole de sua
água colorida, porém o menino recusou
-Por que? - Se indignou
-Se quiser mais um gole dessa bebida mágica, você terá que
ir comigo até meu carro, lá tem muito mais...
Nesse momento, Davina foi tomada por uma força odiosa, e
sentiu vontade de chorar.
Foi até o banheiro da festa chorar. Lá chorando, na fila
do banheiro, o menino apareceu e começou a rir:
- Tá chorando por que? Meee chorando por causa de drogas
hahahahahahahah – debochou ele.
Ela nesse instante enxugou as lágrimas e incorporou a Dominatrix,
com um belo e maligno sorriso no rosto.
Davina pensou:
-Esse guri nem faz ideia de quem eu realmente sou, ele
acha que sou uma puta comum e barata! Agora eu vou mostrar pra ele quem que
manda.
-Eu chorei porque interpretei mal o que você disse. Vamos
lá fora agora então, no seu carro...
E o menino aceitou, empolgado porque iria “pegar a
gatinha cafona” no carro. Lá foram de mãos dadas, desviando das pessoas que
dançavam e curtiam cada um a sua vibe.
Saindo do salão principal da festa, chegaram num corredor escuro, que antecedia a porta de saída
do estabelecimento. E foi ali mesmo que a Dominatrix entrou em ação. Ela o
jogou contra a parede, com muito ódio no olhar que, profundo o encarava bem dentro de seus olhinhos
assustados. Ela colocou suas duas mãos em seu pescoço e começou a apertar,
apertar, e suas unhas afiadas cravaram na pele do pobre menino, que só queria
transar.
Para a sorte do menino, um segurança chegou e o salvou
das garras de Davina, que já se sentia bem melhor e aliviada.
Davina disse para o segurança:
-Eu só estava fazendo uma amostra grátis do meu trabalho
e habilidades de Dominatrix. Toma aqui meu cartão de visita, senhor guarda, caso
tiver interesse em agendar uma sessão – Deu uma piscadinha para o guarda e
voltou para a festa, com o “sorriso de curinga” mais sensual que poderiam ver naquela noite,
e, se contendo para não gargalhar.
O guarda olhou para o chão e avistou um pacote com vários
comprimidos de ecstasy, enquanto o menino chorava aterrorizado e ainda contra a parede.
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